SABIA QUE…
Em 1882, realizou-se em Lisboa a Exposição de Arte Ornamental Luso-Espanhola onde foram apresentados, pela primeira vez, como objetos de arte, os três coches da Embaixada ao Papa Clemente XI, um carrinho de passeio que pertenceu a D. João VI e diversos acessórios de cavalaria, que cerca de vinte anos depois acabariam por integrar a coleção do Museu dos Coches Reais.
No ano de 1851, a Europa assistiu à inauguração da primeira Grande Exposição Internacional, em Londres. Seguiu-se em 1855, a Exposição Universal de Paris. Este dois importantes eventos exerceram uma forte atração sobre o público e abriram uma nova perspetiva cultural que se manteve até aos nossos dias.
Integrada neste espírito realizou-se igualmente em Londres, em 1881 a Exposição de Arte Ornamental Luso-Espanhola, instalada no South Kensington Museum, que contou com a participação portuguesa, organizada pela Comissão de Amadores de Belas Artes.
O êxito de tal acontecimento levou D. Luís I a decidir por Decreto Real, que a esta exposição viesse a ter lugar em Lisboa, enriquecida por coleções particulares e objetos oriundos de todo o país. O local eleito para a sua instalação foi o Palácio dos Condes de Alvor (Palácio das Janelas Verdes), alugado pelo Estado desde 1880 para acolher o Museu Nacional de Bellas Artes e Archeologia (1884), mais tarde redefinido e renomeado pela legislação republicana como Museu Nacional de Arte Antiga (1911).
A Exposição de Arte Ornamental Luso-Espanhola foi inaugurada Palácio dos Condes de Alvor, em Lisboa, no ano de 1882, e esteve aberta ao público durante seis meses, tendo sido visitada por mais de 100.000 pessoas. Nela foram exibidos, pela primeira vez, como objetos de arte, os três Coches da Embaixada ao Papa Clemente XI, um Carrinho de Passeio e diversos acessórios de cavalaria tais como arreios, selas, telizes armoriados, estribos e guarnições de tiro.
Através desta importante iniciativa, foi dado um primeiro passo para valorizar algumas peças, que pela sua qualidade estética mereciam um olhar mais atento. A realização do evento não teve repercussões imediatas na criação do Museu dos Coches e as três viaturas de aparato regressaram às Reais Cocheiras de Belém. Foram necessários mais de vinte anos para que, por iniciativa de S.M. a Rainha Dona Amélia, fosse criado o Museu dos Coches Reais (1905).
Cf. BESSONE, Silvana, O Museu Nacional dos Coches. Lisboa: InstitutoPortuguês de Museus / Fondation Paribas, 1993