A INAUGURAÇÃO
AUTO DE NOTÍCIA NO JORNAL “O SÉCULO”
24 de Maio de 1905
Noticia da abertura do Museu ao público em 25 de Maio, após ter sido inaugurado pela Rainha D. Amélia, a 23 de maio.
“(….) Com a assistência de sua Majestade a Rainha Senhora D. Maria Amélia, realizou-se ontem, pelas 5 horas da tarde, a inauguração solene do “Museu dos Coches Reaes, instalado num dos corpos do Real Palácio de Belém, na parte que foi propriedade do conde de Aveiras e que completamente transformada por D. Joao V, era conhecida pela denominação de picadeiro do Paço de Belém ou de D. João V.
“(…) Pelas 4 horas e um quarto da tarde, chegou ao local do Museu, o sr. João de Alarcão Ministro das Obras Públicas, que fora convidado por Sua Majestade a Rainha para assistir à inauguração do Museu, estando já ali os srs. Fernando de Serpa, inspector dos Reaes Palácios; Tenente-coronel Alfredo de Albuquerque, Estribeiro-Menor da casa Real; Severiano Monteiro Director-Geral do Ministério das Obras Públicas; Arquitecto Rosendo de carvalheira, Pintor J. Malhôa; Tenente Francisco Figueira ajudante de sua Alteza o Infante senhor D. Afonso; Falcão Rodrigues e Frederico Ribeiro, distinto construtor civil que com aquele estadista ficaram no átrio aguardando a Chegada da Rainha.
Às cinco horas menos um quarto, chegou a senhora D. Maria Amélia que vestia uma elegantisma toilette cõr de camarão numa americana, tirada por uma soberba parelha de cavalos ingleses. Acompanhava-a a dama de serviço sra. condessa de Flgueiró.
Depois de receber os cumprimentos das pessoas presentes, dirigiu-se sua Majestade acompanhada por todas elas ao pavimento inferior onde se acham instalados os coches berlindas e cadeirinhas preciosismos que ali ficam em exposição permanente visitando depois as galerias, em cujas vitrines, se vêem dispostas na melhor ordem, com a mais notável harmonia, admiráveis exemplares de estribos, cabeçadas, peitorais, esporas, bridões, pingalins, selas, xairéis e muitos outros arreios antiquíssimos, alguns de grande valor artístico e material, todos em perfeito estado de conservação e de irrepreensível asseio, o que se deve, sem dúvida, à muitisslma competência e ilustração do Tenente-coronel Alfredo de Albuquerque, em quem sua Majestade a Rainha encontrou um valioso e incansável auxiliar para a realização do seu projecto.
A senhora D. Amélia examinava com grande atenção as diferentes instalações, mostrando bem no seu sorriso a grande satisfação que lhe ia na alma por ver assim levada a efeito a sua concepção grandiosa o que também traduziu por algumas palavras trocadas com o sr. D. João d’Alarcão e outras pessoas das que a acompanhavam na sua visita.
Da Inauguração foi lavrado o competente auto, que sua Majestade assinou, bem como todos os presentes.
Em seguida, eram 5 horas e 40 minutos, a senhora o. Amélia saiu do Museu, recebendo no átrio os cumprimentos de todas as pessoas que ali se encontravam e que a acompanharam, até à carruagem. Ao sr. Tenente-coronel Alfredo d’ Albuquerque, que foi o último a beijar a mão da augusta soberana, apertou ela, muito afectuosamente a sua, desejando-lhe boa viagem, 0 sr. Albuquerque parte amanhã como noticiámos noutro lugar, para Berlim, em companhia do Senhor Infante D. Afonso. (…)”
Reprodução do Microfilme da 1ª página do Jornal “O Século”, de 26 de maio de 1906.
JORNAL “O SÉCULO”
Edição de 24 de maio de 1905.
Ilustração da Notícia da inauguração do Museu em 23 de maio.
Texto e imagens retiradas da publicação:
BESSONE, Silvana (Coord.), De Picadeiro a Museu, de Museu a Picadeiro, Catálogo da Exposição Comemorativa do 90º Aniversário do Museu Nacional dos Coches, 23 Maio-31 Dez. 1995 – Lisboa, IPM e MNC, 1995.