Museu Nacional dos Coches

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Curiosidade do mês …março 2024

SABIA QUE…

O Hipódromo de Belém, em Lisboa, inaugurado em 1874, foi um dos locais mais frequentados da capital, nomeadamente pela família real, desde o rei D. Fernando II até ao D. Carlos I e ao seu irmão, o príncipe D. Afonso.

 

Construído em 1874, o Hipódromo de Belém situava-se nos terrenos do Bom Sucesso, por detrás  da Quinta da Princesa, nas traseiras do atual CCB. Em 29 de junho desse mesmo ano realizaram-se se as primeiras corridas onde correram oito cavalos – Argos, Norma, Dinora, Emir, Sultão, Careto Cuco, Abdá – em cinco corridas, com prémios diferentes atribuídos pelo Club Equestre, Câmara Municipal, el-rei D. Luís, visconde de Condeixa e pelo Governo. Assistiram à competição os soberanos D. Luís I, D. Maria Pia e D. Fernando, a condessa de Edla, o príncipe real D. Carlos e os infantes D. Augusto e D. Afonso.

 

Mais tarde, a 24 de abril de 1892, este local foi palco de um importante “torneio de cavalaria à antiga” promovido por uma Comissão de Beneficência presidida pela Rainha D. Amélia, fundadora do Museu dos Coches Reaes, com o intuito de angariar fundos para auxiliar as famílias das vítimas do trágico naufrágio que teve lugar junto à Póvoa de Varzim , a 27 de fevereiro desse ano. No torneiro, deu-se o confronto entre os grupos do “fio” verde e branco, chefiado pelo Infante D. Afonso Henriques, e o “fio” azul e laranja, liderado pelo conde de S. Martinho, D. António de Siqueira. Este era constituído por nove partes distintas que incluía naturalmente jogos de destreza. A história deste Torneio pode ser conhecida na exposição temporária “O Torneio da Rainha. A Solidariedade do Povo Português”, patente no MNC até meados de 2024.

 

Por sua vez, o hipódromo de Belém também recebeu paradas e exercícios militares, bem como a primeira corrida de automóveis em Portugal, realizada a 17 de Agosto de 1902. Participaram apenas três concorrentes, tendo vencido o locomobile a vapor do americano H. S. Abott. Os outros dois participantes foram um Panhard & Levassor do francês Albert Beauvalet e um Darracq de Alfredo da Silva. A prova foi organizada pelo príncipe D. Afonso, (grande fã de automóveis, ficou conhecido pelo “o Arreda”), pois o infante atingia uma velocidade, que podia chegar aos 40 km/h, em vias para carros de bois e cavalos. Para facilitar a sua mobilidade, utilizava a voz como sinal de passagem, gritando “arreda!”, por forma a desimpedir a via.

Na exposição do Museu, encontra o exemplar do primeiro automóvel em Portugal, um PANHARD & LEVASSOR de 1895, cedido pelo Automóvel Club de Portugal (ACP).

 

As últimas corridas de cavalos tiveram lugar em 1893, visto que no início do século XX, o hipódromo foi encerrado e transferido para o Campo Grande. Inclusive Eça de Queirós, cita na sua obra de Os Maias, o episódio das “Corridas no Hipódromo” (In Os Maias, 1888).