Museu Nacional dos Coches

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Cadeirinha do 1º Conde do Farrobo do MNCoches em exposição no Teatro Thalia – até 2 de abril

Inaugurou no passado dia 17 de dezembro, no Teatro Thalia em Lisboa, a exposição temporária “II Fanatico per la Musica: O Conde do Farrobo e o Teatro das Laranjeiras”.

Nesta exposição os visitantes têm oportunidade de descobrir uma cadeirinha da coleção do MNCoches, recentemente restaurada na Oficina de Conservação do Museu, que pertenceu ao 1º Conde do Farrobo (11.12.1801-24.09.1869).

Transporte sem rodas, era carregado por dois ou quatro lacaios, com a ajuda de correias de couro suspensas aos ombros, utilizando dois varais, encaixados em suportes metálicos fixos lateralmente.

Caixa de um só lugar, em couro negro, com duas janelas, bem rasgadas, nas faces laterais e outra na porta, decorada com cercaduras em latão. Tem porta de abrir pela frente e teto de levantar. As janelas têm cortinas de tafetá de seda vermelha. O interior é forrado a cetim cru lavrado a fio de seda amarela com grandes motivos florais.

 

 

A presente exposição assinala os 200 anos da construção do Teatro Thalia, fundado por Joaquim Pedro Quintela, Conde do Farrobo, e reúne 70 peças, muitas delas trazidas a público pela primeira vez, incluídas no acervo de diversos museus e bibliotecas nacionais e de coleções particulares, nomeadamente dos descendentes da família Quintela.

Trata-se de uma iniciativa que pretende homenagear a importância do Conde do Farrobo para a história política, musical e artística da primeira metade do século XIX em Lisboa, assinalando ainda as comemorações da Revolução de 1820 e da aprovação da Primeira Constituição Portuguesa, em 1822.

Comissariada por Fernando António Baptista Pereira, museólogo e Presidente da Faculdade de Belas Artes, e José Norton, biógrafo de Joaquim Pedro Quintela, a exposição estará patente no Teatro Thalia até 31 de março de 2023 e revela, em quatro núcleos as várias facetas do Conde do Farrobo: a família, o casamento, o amor às artes e o seu papel na sociedade, na política e na economia.

A exposição é organizada pela Secretaria-Geral da Educação e Ciência, em colaboração com a Faculdade de Belas-Artes, a Escola António Arroio, o Museu Nacional de Arte Antiga, o Teatro Nacional de S. Carlos e diversos parceiros, entre os quais o Museu Nacional dos Coches.

 

O CONDE DE FARROBO….

Joaquim Pedro Quintela, 1º Conde do Farrobo, nasceu em Lisboa a 11 de dezembro de 1801. Figura marcante do século XIX português, herdeiro de grande fortuna do pai, 1º Barão de Quintela, foi um aristocrata cultíssimo, exímio conhecedor dos principais idiomas europeus, profundo sabedor de música e literatura e empresário em diversas áreas, entre as quais os seguros.
Filantropo, mecenas das artes e promotor de manifestações artísticas, em 1820, com dezanove anos mandou construir o Teatro Thalia na Quinta das Laranjeiras, que em 1830 já tinha iluminação a gás, vinte anos antes da cidade de Lisboa. Palco das mais deslumbrantes representações foi destruído por um incêndio em 1862. O edifício estava seguro na Companhia de Seguros Bonança, que suportou integralmente os prejuízos.
A sua participação na atividade seguradora foi marcante. Em 1838, assumiu a Direção da Companhia de Seguros Bonança, de que se tornou o principal acionista e, de 1851 a 1853, presidiu à Administração da União Comercial e Bonança.
Esteve ligado aos momentos áureos do Teatro São Carlos, que dirigiu entre 1838 e 1840. Foi também o principal financiador da construção do Teatro Nacional Dona Maria II, cujas obras foram concluídas em 1846, sendo o projeto do Arquiteto Fortunato Lodi, cunhado de Farrobo.
A seguir às representações teatrais, em que o próprio Conde do Farrobo atuava frequentemente, havia sempre animadíssimas e sumptuosas festas, que davam brado em Lisboa.
Paralelamente à ligação às artes, Joaquim Pedro Quintela foi um empresário de sucesso, tendo sido impulsionador e financiador, entre outros empreendimentos, da Barra da Figueira da Foz, da Companhia do Gás Iluminante, da Empresa Vidreira da Marinha Grande, da Fábrica de Fiação de Sedas, da Companhia das Vinhas do Alto Douro e dos Caminhos de Ferro do Norte e Leste.
O popular termo FORROBÓDÓ não é mais do que uma adaptação da designação original FARROBODÓ, associado ao fausto e animação das festas do conde de Farrobo.

(cf. aqui)

 

 

Cadeirinha do 1º Conde do Farrobo; século XVIII; Inv: V0070; Autor: desconhecido, Local de execução: Portugal (?); Datação: 1830-1855; Materiais: madeira, bronze, cetim, tafetá de seda, couro, vidro, franja de ouro.

 

 

Julien-Paul Delorme (n. 1788); “Retrato do 2º barão de Quintela, conde de Farrobo”; França (?); Datado 1823; Materiais: têmpera sobre marfim; Prov.: doação GAMNAA, 191; MNAA; inv. 72 Min ©DGPC/ADF, Luísa Oliveira, 2003